OFICINAS AMBIENTAIS PARA JOVENS DO TERRITÓRIO QUILOMBOLA DE SACO DAS ALMAS, MUNICÍPIOS DE BREJO E BURITI - MA
MODO DE VIDA TRADICIONAL COMO FORMA DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL
DOI:
https://doi.org/10.55811/integrar/livros/3762Palavras-chave:
Biomas maranhenses, Comunidade quilombola, Conservação ambientalResumo
Introdução: O Território Quilombola de Saco das Almas é formado por sete comunidades, abrangendo os municípios de Brejo e Buriti, no estado do Maranhão. Sendo uma comunidade tradicional que enfrenta diversos problemas socioambientais causados pelo avanço no território do cultivo de soja. Isto levou ao uso indiscriminado de agrotóxicos, o desmatamento de 1.310,62km² de Cerrado e a diminuição de áreas da agricultura familiar. Além disso, há uma perda de interesse dos jovens nas questões ambientais do território. A educação é de fundamental importância na tentativa de resgatar o sentido de pertencimento das comunidades ao espaço em que vivem. Faz-se necessário difundir uma nova relação entre os homens e a natureza que privilegie a qualidade de vida, juntamente com um desenvolvimento sustentável capaz de gerar uma sadia qualidade de vida para as gerações futuras. Desse modo, o estudo dos biomas e de outros temas relacionados à ecologia permite desenvolver um sentimento de respeito pela natureza, de valorização. Cada bioma se comporta de uma maneira e tem sua própria dinâmica e processos. Cada um tem sua fauna e flora peculiares, inclusive espécies que só se encontram em uma determinada região. Desse modo, as oficinas potencializam as relações participativas nos conteúdos contextualizados em problemáticas ou situações da biodiversidade local ou regional, abrindo oportunidades para ampliar indagações capazes de observar, questionar, pensar e refletir. Objetivo: Introduzir o planejamento participativo da comunidade em ações de preservação e conservação dos recursos naturais, facilitando o acesso ao conhecimento técnico científico no Território Quilombola de Saco das Almas, Maranhão. Material e Método: As oficinas ambientais foram divididas em dois momentos. No primeiro momento, foram apresentadas palestras expositivas sobre os biomas presentes no território, a importância de conservação da fauna terrestre e como levantá-la em campo, além dos impactos causados pelo uso de agrotóxico sobre os animais da região. Após as explanações, os jovens foram guiados pelas lideranças da Vila São Raimundo e Boca da Mata para conhecer os potenciais naturais de cada comunidade. Em outro momento, um grupo de jovens participou do levantamento das espécies de aves, anuros, répteis e mamíferos na comunidade de Boca da Mata, acompanhado pela liderança e biólogos. Este levantamento ocorreu por 15 dias, na estação seca, entre os meses de novembro e dezembro de 2022, utilizando a Procura Visual Limitada por Tempo (PVLT), censo auditivo e encontros ocasionais, em período diurno e noturno, para registro dos indivíduos. Resultados: As oficinas ambientais no Território Quilombola de Saco das Almas reuniram 14 jovens e lideranças locais das 07 comunidades, totalizando 200 horas de atividades teóricas e práticas. As palestras funcionaram como troca de ideias e conhecimentos com os quilombolas, que interagiram à medida em que foram sendo apresentadas. Estes relatam que o uso de agrotóxicos na região é crescente devido ao avanço do plantio de soja, causando preocupação em relação aos recursos naturais e à saúde da comunidade. As visitas às fitofisionomias de Cerrado, Amazônia e Caatinga permitiram que muitos jovens conhecessem aqueles biomas pela primeira vez e identificassem as diferenças da vegetação típica. Durante o levantamento de fauna, os jovens das comunidades de Vila São Raimundo, Boca da Mata e Vila das Almas puderam registrar 59 espécies de aves, 19 de anuros, 05 de lagartos, 08 de serpentes e 09 de mamíferos dentro da transição Cerrado-Caatinga e Caatinga. Conclusão: Levando em consideração a aceitação da comunidade em relação aos conhecimentos técnico científicos, as oficinas proporcionaram uma estratégia efetiva para fortalecer a comunidade de Saco das Almas, valorizando seus recursos naturais, desenvolvendo novas ideias e futuros projetos para a região. Assim, este projeto contribuiu para despertar nos jovens a sensibilização ambiental e de pertencimento, preservando suas tradições e recursos ambientais.