A DESPERSONALIZAÇÃO DE PACIENTES HOSPITALIZADOS
UM RELATO DE ATUAÇÃO EM PSICOLOGIA HOSPITALAR
DOI:
https://doi.org/10.55811/integrar/livros/4362Palavras-chave:
Despersonalização do paciente, Processo saúde-doença, Psicologia HospitalarResumo
Introdução: Neste relato de experiência abordamos os impactos que o fenômeno da despersonalização tem sobre o processo de saúde-doença de pacientes hospitalizados. Para isso consideramos o processo de atuação de bolsistas no âmbito de um projeto de extensão em Pedagogia e Psicologia Hospitalar financiado pelo Governo do Estado e desenvolvido em uma Santa Casa de Misericórdia em um município do interior do Paraná. O objetivo geral do projeto é realizar atendimento pedagógico e psicológico direcionado às crianças e aos adolescentes com práticas que objetivem a promoção da saúde, do desenvolvimento cognitivo, sócio afetivo e emocional. Na área da Psicologia para o desenvolvimento do projeto, e, portanto, na atuação de estudantes/bolsistas em ambiente hospitalar, foram e são realizados estudos em grupo, supervisão referente a atuação junto a bebês recém-nascidos, crianças, adolescentes, mães de recém-nascidos e outros familiares e/ou responsáveis atendidos na Pediatria do hospital. Inúmeras são as problemáticas identificadas no ambiente hospitalar, tanto referentes ao atendimento quanto à integração da equipe hospitalar nas temáticas relativas ao processo saúde-doença de pacientes hospitalizados, dentre elas, será abordado o fenômeno da despersonalização, onde o paciente é reduzido a sua patologia, tratado como um número de leito e deixa de ser compreendido como um sujeito bio-psico-social. Percebe-se que esta postura da equipe hospitalar afeta em como o paciente encara seu processo de reabilitação de saúde e a hospitalização. Objetivo: Nosso objetivo com esse estudo e relato de experiência é destacarmos a relevância da atuação de estudantes e profissionais da área da Psicologia Hospitalar na escuta psicológica, no manejo e nas intervenções junto aos pacientes, às suas famílias e a equipe de saúde. Em todo o processo almejamos a cura no âmbito orgânico, psíquico e emocional relacionados ao processo de adoecimento, e consequentemente, de hospitalização e de tratamento, pois entende-se que o adoecer é repleto de subjetividade. Material e Método: No desenvolvimento do projeto realizamos estudos bibliográficos de caso em grupo. Especificamente neste trabalho divulgamos o relato de experiência do projeto que desenvolvemos em uma Santa Casa. Os sujeitos envolvidos são os/as pacientes hospitalizados, as bolsistas, as famílias dos/as pacientes e a equipe multiprofissional de saúde do hospital. Especificamente relatamos nossas perspectivas sobre o processo saúde-doença e delimitamos a análise e discussão sobre nossa percepção acerca do fenômeno da despersonalização de pacientes hospitalizados. Resultados: Do início da efetivação do projeto, de junho de 2023 a fevereiro de 2024, foram, aproximadamente, sessenta atendimentos a mães de recém-nascidos e noventa atendimentos de crianças e adolescentes hospitalizados. Tais atendimentos são realizados na Pediatria do hospital, especificamente, ao lado dos leitos hospitalares utilizando de recursos lúdicos nas intervenções com crianças e adolescentes e, anamnese e acolhimento psicológico para mães de recém-nascidos. Como resultados de nossa análise, advindas de nossos estudos, supervisões e estudos de caso, percebemos que, muitas vezes, ou seja, quase diariamente, as/os pacientes e seus responsáveis não são identificados como sujeitos singulares e têm, portanto, suas especificidades e subjetividades, ignoradas ou desconsideradas por algum integrante da equipe hospitalar, sem sequer chamados por seus nomes. Conclusão: Por meio da atuação na Pediatria na Santa Casa junto a pacientes hospitalizados, nosso manejo resume-se a nossa apresentação e do projeto; estabelecimento de vínculo; escuta psicológica; efetivação de atenção biopsíquica necessárias a criação de um espaço de produção e de promoção de saúde de forma humanizada em consideração os aspectos subjetivos do paciente sem reduzi-lo a sua patologia.